Qual a melhor hora de dar um aparelho telefônico a uma criança?

Pais vivem dilema ao decidir se devem dar celular aos filhos

Nós estamos em uma escola em Ipanema, Zona Sul do Rio. Essas crianças têm entre seis e nove anos e muitas coisas em comum. Quer ver? Quem tem celular aqui?

(Crianças dizem):
- Vou comprar o meu amanhã.
- Vou ganhar de aniversário.
- E o meu pifou no apagão, descarregou e não ligou mais.

São os novos tempos. Mas será que celular é de fato uma necessidade pra crianças nessa idade?

A psicóloga Andréia Calçada acha que não: “As crianças nesta fase etária quase sempre ficam em ambientes monitorados, seja na escola, na van, na casa de parentes e amigos, a função do celular se perde um pouco. O celular não tem função aos seis anos nem aos oito. A partir dos dez anos sim."

Luiza tem sete anos, ganhou o aparelho no ano passado. Alessandra Pacheco, mãe da menina conta que no começo ela abusou: "Ela começou a usar direto, e acabava o crédito em uma semana ou menos, em alguns dias. Foi quando ela começou a aprender que tinha que se controlar".

Também sabe que pode atender chamadas a qualquer hora e em qualquer lugar:
Luiza Borges Pacheco conta:
Às vezes eu estou no colégio, e alguém liga... mas aí eu aprendi.
- O que você faz?
- Eu coloco pra vibrar pra ninguém escutar e quando está na saída depois eu vejo.

Pra quem pretende dar um celular a uma criança, vai o alerta da psicóloga: "Se você, pai, for dar um celular pro seu filho, pense muito antes, delimite isso muito bem e mostre sempre que existe uma função pra isso, não como competição, não porque ele está perturbando você porque todos os amiguinhos têm, senão você está estimulando um consumo precoce e isso na adolescência vai ficar muito pior para se controlar."

Luiza diz que só usa em situações de emergência como a de hoje, por exemplo:

- “Eu vou falar pra Cida, para meu avô, para minha avó todo mundo quase que eu conheço que eu estou na televisão”, conta Luiza.